abre a tua alma e crescer-te-ão asas
Al Berto...
«retrato de Al Berto, encenado por Paulo Nozolino, em homenagem a Caravaggio»[capa de O Medo]
Ofício de Amar
já não necessito de ti
tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e o remorso
um dia pressenti a música estelar das pedras , abandonei-me ao silêncio
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas
ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade do meu próprio corpo.
Poema de Al berto in O Medo - Livro IV "Sete dos Oficios (1980)
(...) ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte.
excerto Al Berto, Horto de Incêndio
uma lembrança do dia 13 de Junho... as saudades e o preenchimento que deixas(te)