abre a tua alma e crescer-te-ão asas

Soror Mariana Alcoforado

TERCEIRA CARTA (tradução portuguesa)

Que será de mim?....e que queres tu que eu faça?...

Vejo-me bem longe de tudo o que tinha imaginado!

Esperava que me escrevesses de todos os lugares por onde passasses; que as tuas cartas seriam mui extensas; que alimentarias a minha Paixão com as esperanças de ainda ver-te; que uma inteira confiança na tua fidelidade me daria alguma espécie de repouso; e que ficaria assim em um estado suportável, sem estrema dor.

Tinha até formado alguns leves projectos de fazer esforços que me fossem possíveis para curar-me, no caso de saber com certeza que me tinhas esquecido completamente.

A tua ausência, alguns toques de devoção, o receio natural de arruinar totalmente a pouca saúde que me resta por cansadas vigílias e tantas inquietações, a escassa aparência dá tua volta, a frieza da tua afeição e doa teus últimos adeuses, a tua partida fundada em frívolos pretextos, mil outras razões mais que boas e demasiado inúteis, pareciam prometer-me um auxílio assaz certo, se me viesse a ser necessário.

Não tendo enfim a combater senão comigo, mal podia desconfiar de todas as minhas fraquezas, nem aprender tudo o que hoje sofro...

Oh! triste de mim! Quanta compaixão mereço, visto não sermos ambos participantes das penas, mas eu só a desgraçada!...

Este pensamento mata-me, e morro de susto de que jamais tenhas sido extremamente sensível a todos os nossos prazeres.

Agora sim, conheço a má fé de todos os teus afectos...

Enganavas-me todas as vezes que me dizias ter sumo gosto de estar só comigo...

Às minhas importunações devo somente os teus desvelos e transportes...

De sangue frio formaste a tenção de me abraçar, e consideraste a minha paixão como um trofeu, sem que o teu coração jamais fosse comovido entranhavelmente...

Não deves tu ser bem infeliz, e ter bem pouca delicadeza, para nunca haver sabido colher outro fruto dos meus enlevamentos?...

E como é possível que com tanto Amor eu não tenha podido fazer-te completamente venturoso?

Lamento, por Amor de ti somente, as deleitações infinitas que perdeste...

Por que fatalidade não quiseste desfrutá-las?...

Ah! se as conhecesses, acharias sem dúvida que são mais sensíveis do que a satisfação de me ter seduzido, e terias experimentado que somos mais felizes, e sentimos qualquer coisa de mais fino mimo em amar ardentemente, do que em ser amados.

Não sei nem o que sou, nem o que faço, nem o que desejo...

Mil tormentos contrários me despedaçam!...

Quem poderá imaginar um estado mais deplorável?...

Amo-te como uma perdida, e modero-me ainda assim contigo, até não ousar talvez desejar-te as mesmas tribulações, os mesmos transportes que me agitam...

Matar-me-ia, ou a não fazê-lo, morreria de dor, se estivesse certa que nunca tinhas repouso, que a tua vida era uma contínua desordem e perturbação, que não cessavas de derramar lágrimas, e que tudo aborrecias...

Eu não me sinto com forças para os meus males, como poderia suportar a dor que me causariam os teus, mil vezes mais penetrantes?...

Contudo não posso do mesmo modo resolver-me a desejar que não me tragas no pensamento, e para falar-te sinceramente, sinto com furor ciúmes de tudo quanto possa causar-te alegria; comover ä teu coração, e dar-te gosto em França.

Ignoro por que motivo te escrevo...

Vejo que apenas terás dó de mim, e eu rejeito a tua compaixão, e nada quero dela;

Enfado-me contra mim mesma, quando faço reflexão sobre tudo o que te sacrifiquei...

Perdi a minha reputação; expus-me aos furores de meus pais e parentes, às severas leis deste Reino contra as religiosas... e à tua ingratidão, que me parece a maior de todas as desgraças...

Ainda assim eu sinto que os meus remorsos não são verdadeiros, e que do íntimo do meu coração quisera ter corrido muito maiores perigos por Amor de ti, e provo um funesto prazer de ter arriscado por ti vida e honra.

Tudo o que me é mais precioso não devia eu entregá-lo à tua disposição?...

E não devo eu ter muita satisfação de o ter empregado como fiz?...

Parece-me até não estar contente, nem dás minhas mágoas, nem do excesso de meu Amor, ainda que, ai de mim! não possa, mal pecado, lisonjear-me de estar contente de ti...

Vivo, e como desleal, faço tanto por conservar a vida, quanto perdê-la!...

Morro de vergonha... acaso a minha desesperação existe somente nas minhas ?...

Se eu te amasse com aquele extremo que milhares de vezes te disse, não teria eu já de longo tempo cessado de viver?...

Enganei-te... tens toda a razão de queixar-te de mim... Ah ! por que não te queixas?...

Vi-te partir; nenhumas esperanças posso ter de mais ver-te. e ainda respiro!... É uma traição...

Peço-te dela perdão.

Mas não mo concedas...

Trata-me rigorosamente.

Não julgues os meus sentimentos veementes...

Sê mais difícil de contentar...

Ordena-me nas tuas cartas que morra de Amor por ti...

Oh! conjuro-te de me dares esse auxílio para poder vencer a fraqueza do meu sexo, e pôr termo às minhas irresoluções, por um golpe de verdadeira desesperação.

Um fim trágico obrigar-te-ia, sem dúvida, a pensar muitas vezes em mim...

A minha memória te seria cara, e quiçá esta morte extraordinária te causaria uma sensível comoção.

E a morte não é porventura preferível ao estado a que me abaixaste?...

Adeus!

Muito quisera nunca haver posto os olhos em ti.

Ah! sinto vivamente a falsidade deste senti- mento, e conheço neste mesmo instante em que te escrevo, quanto prefiro e prezo mais ser infeliz amando-te, do que não te haver jamais visto.

Cedo sem murmurar à minha malfadada sorte, já que tu não quiseste torná-la melhor. Adeus.

Promete-me de conservar uma terna e maviosa saudade de mim, se eu falecer de dor; e assim possa ao menos a violência da minha paixão, inspirar-te desgosto e afastar-te de tudo!

Esta consolação me será suficiente, e, se é força que te abandone para sempre, desejara muito não deixar-te a outra.

Dize, não seria nímia crueldade a tua, se te servisses da minha desesperação para, pareceres mais amável, mostrando que acendeste a maior paixão que houve no mundo?

Adeus outra vez...

Escrevo-te cartas excessivamente longas, o que é uma falta de consideração para ti: peço-te mil perdões, e atrevo-me a esperar que terás alguma indulgência para com uma pobre insensata, que o não era, como tu bem sabes, antes de amar-te.

Adeus.

Parece-me que demasiadas vezes me dilato em falar do estado insuportável em que estou.

Contudo agradeço-te, do íntimo do meu coração, a desesperação que me causas, e aborreço o sossego em que vivi antes de conhecer-te...

Adeus.

A minha paixão cresce a cada momento.

Ah! quantas cousas tinha ainda para dizer-te!...



in Lettres Portugaises
Tradução de Sousa Botelho, Morgado de Mateus
Sente-se um olhar nas ruelas duma cidade abandonada.
Fantasmas vagueiam de janela em janela
dançam nos telhados

- escombros de memórias.

Reconhecerás a mulher mãe viúva quando ela, parada e silenciosa numa mesa de café, puxa de um cigarro e acende-o?

poses, comportamentos – ditames de personalidade

reconhecem-se os mais nobres seres nos mais simples gestos

um olhar, um sorriso… pequenas lembranças de sacrifícios pela vida!

Aterra-se numa terra distante
Desprendemos a corrente de flores que nos unia pois já não a sinto dançar em meu redor… foi levada até ao expoente da distância e quebrou-se algures que não vivi ainda.

Mostrei o melhor de mim e não quiseste.
Despejei das gavetas o que tinha, escondido para não mais tocar, nas tuas mãos para que me encontrasses… me encontrar em ti, em mim.
Mudei para me poder olhar ao espelho… sei que o fui fazendo sem me aperceber mas ainda não suporto a imagem reflectida.
Abracei angústias por medo de viver, assim onde a razão me sufoca e o sentimento possui.
Que verdades e desafios encontram para que não se entreguem a este tão só?!?...
Deixei tudo o que vi e aprendi para trás onde um dia me deixei levar pela dor… a da saudade…de mim!
Queria o mundo… essa estrela que ilumina o sonho. Manhãs que nos abraçam, ocaso de ilusões. Será o dia a sobreviver à noite ou a noite ao brilho do dia?
Porque me chamas e atrais? Serei a Lua e tu o Sol? Talvez sejas a Terra e eu gravite em teu redor iluminando-te quando me chamas!…
... o quanto te desejei… Estradas que tornei curvas para te acompanhar. Flutuei no rio do sentir… adormeci no equilíbrio de uma cascata esquecida do mundo! Chorei as lágrimas que fizeram o mar… o vento fez-me ave.

Uma tatuagem de sentido… aquele que nomeias no espelho.

Abrimos as janelas da alma com a esperança de que o espírito se liberte.
Quebramos vidros
espelhos de um passado
com o sorriso da liberdade

Escondemos laços de lágrimas que derramamos na triste esperança de que sequem.
É tão estranho aquilo que recordámos


passos e gestos
o riso e prantos
por vezes expressões
momentos cúmplices
mundos que guardámos em nós
semelhantes diamantes que encontramos




A vida…
um tempo sem horas onde o espaço é nosso… aquele em que nos descobrimos, recriámos e nomeámos o mundo.
Que memórias restarão no fim desse tempo?!...
…os momentos em que verdadeiramente sorrimos… em que não existiam correntes e tudo éramos.
O sermos NÓS (o EU) e crescermos com a nossa história e aqueles que dela fazem parte.










vens?!...


pelas madrugadas sentidas. falas desenvolvidas no leito imagem 'transportada'. o sentir (-te)...


[pronuncia... te... esse não numa palavra e.. sermos nos e sempre, como antes (depois). em ignorâncias hipocritas e falsidades (se[/talvez/certamente] passados)... JAMAIS futuros mas ainda assim recordaveis...



abraça-me com o mero..Olhares-me



Ani revota...


contemplando
na berma de vida
um ser surgiu

Porque deixou ele
a sua imagem?

crepúsculo
Mistérios da vida
belo prazer
entorpecido pelas flores
no crepúsculo do adormecer.
demos as mãos e todos os olhos do mundo sobre nós. começamos por não falar e sorrimos apenas numa procura.. caminhámos e caminhámos encostas trilhos naturalmente desenhados para nós.
Era já Verão… os corpos cálidos de ardências. o sol em chama.. e para mim ainda era Primavera. ainda me sentia desflorar para o mundo, essa primeira vez como o choro. e chorei. no instante em que avistámos o que todos procuram incessantes cavaleiros. e só estávamos nós, na imobilidade do espasmo quase orgástico. e permanece ainda em mim uma marca desse momento…

de entre tímidas inocentes perguntas dum conhecer, um ritual que ousamos, apagamos o silêncio dos outros olhares do mundo e ficamos apenas eu e tu
(...)



(...)
(...)
mas esse espaço continua assim… despojos infiltrados na madeira que um dia luziu, nas estantes onde um dia um sorriso despontava pela grandeza que exalavam os livros pensamentos desse tempo… o tempo em que a altivez sobressaía dos poros… um inclinar ténue da cabeça ao sol, permitir o vento delinear em imensas linhas o contorno de um leve e sedutor sorriso, raiar impenetrável … sedução.

os olhos levemente cerrados dizendo « vem! ousa!».

todas as conversas em silêncios faladas, nesse estar ouvindo, os silêncios que a tantos assustam e eram assim… puros, verdadeiros, compreendidos. as palavras que tantas e repetidamente apenas foram afastando esse olhar soberanamente mel duns lábios que semblavam mover-se permanecendo assim… ávidos de sentir.

por uma vez a mala desfeita. roupas que permaneciam sempre no albergue do ir ousavam seguir o estádio do ‘aqui’ e assim confortavelmente penetravam os espaços julgados já libertos. numa ausência de espectros permaneciam…inteiramente ali.

(...)



(um outro pequeno breve excerto...)
(...)
cigarros e beatas espalhadas, a visível decadência de um quarto que não conhecia a palavra limpeza há muito muito tempo… incontáveis horas, dias, anos… como a alma quando vagueia e se perde pois o caminho julgado contínuo se transformou em vida.

folhas vagamente escritas espalhadas pelo chão numa confusa noção de arrumação. Haverá melhor espelho da alma que o nosso refúgio? esse espaço que julgámos nosso, apenas e só nosso… e de alguém, alguém que nos surge (semblantes) com a chave de espaços que nem mesmo nós próprios sabíamos da sua existência? compartimentos toda a vida trancados por medos, traumas, receios, desejos, expectativas…?!? esse alguém a quem unicamente abrimos e destruímos os entraves, os muros, as protecções exaustivas, o ‘mau feitio’ deixado de parte… o sermos finalmente nós numa descoberta simultânea de ambos (e eu também de mim… )…?!?...

(...)

(breve excerto... )

negra tristeza

entre infernos constantes gritos revoltas feitos

ja de tão longe os erros

se as lagrimas... de sangue dor angustia... impotência
pudessem...














despertei com a flor
que ternamente depositaste no meu dorso
enquanto me olhavas dormir

e, se nas gotas de chuva sentires a minha alma tocar-te
como pela mão do Sol
então possuis-me

e eternamente
a teu lado adormecerei e acordarei para o novo dia que contemplaremos.
e no rosto

escorrentes lagrimas de sangue
em que estrada, mar, montanha estas tu
que te sinto e penso como se estivesses aqui??!!...

nesta serenidade cantada pelo dedilhar duma guitarra
deambulando pelo tango que exalamos...

envolvemo-nos

Time After Time*

Melodia Orgástica

Iniciam-se suaves tons, tímidos de um saxofone. Esse beijo trocado entre receios, desejos, intimidades.
Um toque desenvolvido – ousam as mãos na descoberta.
Nesses 5min (e 40s) os instrumentos envolvem-se, dançam como os amantes. Uma sedução profunda, esse primeiro orgasmo, o rompimento, clamor altivo desse sopro…
Calma…3 minutos de profundo entendimento, essa conversa de instrumentos (corda, sopro..) – como encaixam bem os corpos desnudados, húmidos de prazer.
De entre as provocações, prolongamentos, é chegado o momento… explosão tão serena e calidamente abraçada. Gemidos uníssonos… orgasmo(s) de amor.
Os amantes em terna copulação pelas vastas ruas do desejo.



*Miles Davis ‘Live around the world’
(publicado inicialmente em Bebedeiras de Jazz)

Fotografia de Cristiana Gaspar

sob as estrelares luas que nos aquecem e recordam o sol que nos arrefeceu...

O que faltara para o ... conheço?!













Fotografia de Cristiana Gaspar


Náiade que dormes
no teu delicado leito

Embriagas a noite
com a tua beleza

Seres expelem-se na tua margem.




Criar um hospício
num espaço limitado
pelas coisas




José Clemente Orozco, frescos en el Hospicio Cabañas, Guadalajara, 1938-1940











Fingi...
como as imagens

como tu


(claro que a falta a pricipal imagem... virgindade(s) )
A vida como flocos de neve desenvoltos em espirais vertiginosas de angustias... sentir o chão num abraço. vem. gela-me o corpo em ardências de vida psicoticas formas néons corpos nus desejos

reinventa-me







percorri-te ao longo de
uma folha onde
delineava as linhas
do teu corpo
em soluçados traços
caligraficos


Abrasivas memorias
nos asfaltos da vida

e essas gotas de sal
humidamente
(es)correntes de mim






Graciela Pierangeli, Lagrima Azul
Rastejar até aos pés
da mais bela flor.

Beijar a terra
como que um perdão
se pedisse.

Toca-me.
Deixa-te flutuar no universo.

Ser criança
Sonho de voltar
A fuga sem destino
Estação
Clamoroso.
A mulher no trapézio

constante desafio
da morte

excitante atenuante
dos olhares

desejar a perpétua
ansiedade de uma queda

impenetrável ser
de divindades ocultas
e belas

num piscar de olhos
o escorregar ...

movimento lento

tríade de ambições

Quando não da... não da





independentemente do que queiram... façam... digam!

é assim...


tal como tudo pode ir além... inumeras vezes!
Esperava-te calmamente num cais à beira-rio...
a brisa primaveril soprava deambulando os cabelos - soltos, livres, longos - ondulantes castanhos

Folheava um livro envolvendo-me.
Por instantes tornei-me parte dele.

Tu, com o teu olhar em ausência, desfloraste-me a escuridão
- outrora luz-

e assim nos perdemos
Alba abraçada. memorias revisitadas. um tudo que agora é nada... e a imagem marcada na parede é turva, inquieta.
sofri-te
imaculei o olhar e pensar quando te levantaste e não te segui

de entre as folhas caidas revejo-me e revejo-nos
somos apenas folhas que se vão desprendendo ao sabor do vento
essa brisa que fala

ja derramei as lagrimas que tinha e nenhuma te tocou
espaços de todo um nada. sento-me numa espera dolorosamente solitária. nesse instante ainda te penso e questiono porque não estás. mas não seria diferente, pois não? tornar-nos-iamos dois seres frente-a-frente, silenciosamente sós ou forçadamente ausentes em casualidades







Já não consigo parar as gotas de água de uma fonte...
o que era só meu
pois no meu olhar estás







Fotografia de Cristiana Gaspar
Não estavas quando te chamei...
estranhamente não eras tu ao meu lado
quando sorri e chorei. Não quiseste a
minha partilha de mim.

VERDADE ... muda cega surda

'Esse beijo não significou nada!'

Fotografia de Cristiana Gaspar


Enquanto caminho
medito sobre o passado
num desvio futuro

Um momento de magia
perde-se num fechar
de olhos

Estrada de Fogo
uma outra visão da música
Feliz 28




Num dia de chuva
EU nasci
como a púrpura pétala
de rosa que
desflora para
a vida ...

Obrigada!...
"A solidão é um aspecto da terra. Todas as coisas na planície são solitárias, não há confusão de objectos para o olho, apenas existem uma colina ou uma árvore ou um homem. Olhar esta paisagem de manhã cedo, tendo o sol pelas costas, é perder o sentido das proporções. A nossa imaginação começa a viver, e pensamos que é aqui que a Criação começou ou está a começar." (O Sopro das Vozes, Textos de Índios Americanos)




Foto web





Foto web

Viola

Chichimeca, Viola

C.Crabuzza, L.Marielli


Questa attesa mi sfascia
e cosa aspetto non so
forse un posto dove nessuno
mi conosce da più di un'ora
Dove il mio viso
è una grande sorpresa
ed è sorpresa ogni cosa
e fermarmi a parlare di me
con uno che non mi capisce nemmeno
e sentirlo parlare di cose
che non ho visto mai
E crescono crescono
i miei fiori nella serra
e non mi voglio perdere niente
Non so ancora che cosa mi manca
un uomo nuovo che mi tratti bene
che rubi i fiori
da terra per me una storia
che mi riempia la carne
sensazioni violente viola
poche parole grandissime mani
fartei-me dos dias, esses em que esperava, a ti que agarras as palavras repetidamente até que alguém saia pois a coragem é-te estranha. as repetidas vozes e sons. contradições. desculpas (in)desculpáveis. murmúrios gastos de um tudo arrastado. vem. vai. enterra esse punhal num crescer. nem os mortos esqueço pois ficam em silêncio falando para mim. rumores embevecidos.
deixamos o amor numa racionalidade do medo


Foto web

Numa história da manhã
um pássaro subiu à minha janela
e cantou para mim

« Chegou a hora de confiar »

Um sorriso num gesto

Beleza da inocência que se espelha
no aconchego da noite

Novo dia e o desalento
pelo engano dum gesto
Máscaras deambulam
no horizonte

penetram na bruma
das trevas

Ó belo poema
que abraço
entre mãos.




Fotografia de Cristiana Gaspar
Derramei lágrimas de sol no teu dorso
esse refúgio ternamente desenhado em ti.
Tatuaste a minha alma de pétalas
quais semblantes de vida…


Instantes que se cruzam
breves notas de sons… desejos
suores trocados em beijos
Tão bela madrugada que abraçamos…
momentos que tornamos nossos
num olhar…
um abraço orgástico!... intensidade em cheiros.

Que estrela nos olhou ontem?
nevoeiro levantado qual manto de secretismo
movimento iluminado de beleza
que demos ao mundo.

Amor meu que me abraçaste!
caminhos que desenhaste!
completaste-me… toque suave dos lábios

pétalas

Exaspero..te..me

Exaspero…te…me

quantas memórias que se perdem
e nos desviam

quererá o império de esperanças,
tristes sonhos,
devastar-me com o seu conhecimento?!...

noite em que as surpresas se desenvolvem

desconheço a corrente que nos abraça
The Scream

Edvard Munch

Lena Gal, Um olhar poético