abre a tua alma e crescer-te-ão asas


e nessas carregadas espadas de mãos entrelaçadas
sem principio
desejei pertencer-te

Apaixonei-me pela imagem de quatro olhos a amarem-me










esse espelho que és tu e eu... o nós uno
Nasci nos teus braços quando calidamente me abençoaste com o teu beijo

Sob a tua respiração ofegante a minha alma navegou em devaneios e o meu corpo no teu calor cresceu e renasceu.
Fecho os olhos e a tua imagem, os recantos do teu peito nu
O cheiro, teu, que me invade
Eclipses de harmonias que formam o teu rosto
Os traços do teu corpo numa envolvente ardência


O sonho que ao anoitecer raiou entre as nuvens e dançou com as estrelas

Fluidos corporais desenhando formas, tatuagens de um amor

É para ti que choro e grito clamores embevecidos
onde jazzisticamente contemplamos essências
vozes que penetram as brumas de estares
e percorrendo as tuas pernas
como se fossem mãos que lesse
e... nesse instante desejei amar-te

Sentada no adormecer do dia sobre a cidade enclausuradamente so, levanta-se o orgasmo sobre as pedras de historia. Os instintos levam-na a dispersar o mundo. Abrem-se portas, tuneis de prazer, toques. Nas suas pernas o reflexo de gotas salgadas, insanos milagres desenvoltos.
Permiti que sorvesses aromas enquanto me perdia em ti, so nessa estrada que nos levou ao encontro.
E se um papel não tivesse caido nas minhas mãos estarias aqui ainda?!

E assim nessas desencontradas memorias, espaços obscuros de sentidos, entregamo-nos.
essa libertação inospita de um tudo.
Fotografia de Cristiana Gaspar
Um dia julguei-me vazia pois a ausência de mim viera... era ainda criança.
Mais tarde apercebi-me que estava, ao invés de vazia, cheia de um todo... dessa(s) ausência(s).
E é tão bom, mesmo que por vezes doloroso, sabê-las, vivê-las, senti-las.
Contudo se pudesse atingir o completo vazio talvez as imagens que me perseguem desaparecessem e eu poderia então fazer algo de novo...
desvirginar o mundo.

JAZZ... momentos(...)


(sem esquecer o depois...)

BOMBASTICA 2a parte dos Encontros!!!
e as jam sessions... um final extasiante!! SEM DUVIDA a melhor sala de jazz
e não falara??!! este vento que nos 'assombra'..penetra na imensidão do que pensamos?! nos sonhos que desenhamos?! nesse querer... ter, estar, sentir...
palavras que não ouvimos por receios e no entanto queremo-las! terna e intensamente!

segue-me! [cega-me!!]

nesse levar que é teu! tão e apenas


TEU
ouvi-las-as ainda?
Anoitece cada vez mais cedo
e com ela [noite] a intensidade do amor...
suspendemos no espaço o tempo
trocamos o medo por suspiros
sorrimos ao mundo numa entrega
Era já Outono corrido nas árvores que se vão desnudando atempadamente como nós.
Vestimo-nos de castanhos, arriscámos o toque do tronco húmido de ardência.
A nudez ainda tímida, folhas que ainda vestem os corpos timidamente repousados lado a lado num mesmo leito onde as raízes se vão entrelaçando ternamente...
... aromas que envolvem... um arrepio
toque ténue da lingua desnudando o corpo... batidas ofegantes

excitação externamente desenvolvida
esse olhar que penetra e suspira

Por onde deambulam as tuas mãos?
O que ja tocaram?e o que querem ainda descobrir?
... contorno as formas entre as gotas...
sorvo o gosto de cada instante
partilhado
suavemente sigo o calor. deixo-me invadir. gentilmente os labios depositados no decorrer da linha que me leva ao refugio...
sinto vontade das imagens, desejos de reticências
saber-te
conhecer-te
entrar em ti
Beijei a saudade...

neste jardim em que as gotas caem
semelhantes a lágrimas
respiro e em ti penso

fecho os olhos...
o teu sorriso invade-me
o teu calor quando ternamente me abraças

Já reparaste como as árvores parecem mulheres?

este é o meu refúgio...

musicas folhas poemas

os delírios de quem ama
Num belo dia de chuva

Eu Aconteci...

ela abriu as suas pernas
na madrugada de Outono

bela como a deusa
que em si despertava

Brandou aos céus
virgindade dos seios

Juntos... o sol e a lua
todos os passaros
celebraram com os seus cantos.




Obrigada!!
Le Baiser (The Kiss) , Man Ray
Water Serpents I, Gustav Klimt

'A perola branca dos blues'


KOZMIC BLUES
By Janis Joplin and Gabriel Mekler

Time keeps movin' on
Friends they turn away
I keep movin' on
But I never found out why
I keep pushing so hard the dream
I keep trying to make it right
Through another lonely day, whoa

Dawn has come at last
Twenty-five years, honey just in one night, oh yeah
Well, I'm twenty-five years older now
So I know we can't be right
And I'm no better, baby
And I can't help you no more
But I did when just a girl

Aw, but it don't make no difference, baby, no, no
And I know that I could always try
It don't make no difference, baby, yeah
I better hold it now
I better need it yeah
I better use it till the day I die, whoa

Don't expect any answers, dear
Ah I know that they don't come with ease, no, no
Well, ain't never gonna love you any better, babe
And I'm never gonna love you right
So you'd better take it now, right now

Oh! But it don't make no difference, babe
And I know that I could always try
There's a frightened side of everyone of us
You'd better need it now
I got to hold it, yeah
I better use it till the day I die

Don't make no difference, babe, no, no, no
And it never ever will, hey
I wanna talk about a little bit of loving, yeah
I got to hold it, baby
I'm gonna need it now
I'm gonna use it, say, aaaah

Don't make no difference, babe, yeah
Ah honey, I hate to be the one
I said you better live your life
And you better love your life
Or babe, someday you're gonna have to cry
Yes indeed, yes indeed, yes indeed,
Ah, baby, yes indeed.

I said you, you're always gonna hurt me
I said you're always gonna let me down
I said everywhere, everyday, everyday
And every way, every way
Ah honey why do you hold on to what's gonna move
I said it's gonna disappear when you turn your back
I said you know it ain't gonna be there
When you wanna reach out and grab on
Whoa babe, whoa babe, whoa babe
Oh but keep truckin' on
Whoa yeah, whoa yeah, whoa yeah
Whoa, whoa, whoa, whoa, whoa


35 anos depois...
Todas as coisas que vemos, mundos que encontramos
tudo se assemelha a estátuas de histórias que vivem em espasmos de movimento.
Entregámo-nos ao suave despertar do corpo ternamente enlaçado um no outro sem fim. Mantinha-me de olhos abertos a olhar-te e pensar-te… conversas que sabia não conseguir dizer-tas quando acordasses.

«Pega-me nas mãos novamente… leva-as pelo prazer. Deposita no meu corpo o suor da tua alma. Entra no túnel dos sonhos e incendeia o meu espírito.»

O amor, aquele que vi e toquei por instantes, dilui-se agora no vento…
No teu olhar despertei e cresci, renasci das cinzas dos lamentos angustiantes solidões. Quebrou-se o gelo do sentir.

Não descanses novamente o teu espírito no meu peito nem os teus doces lábios na minha boca pois assim não te poderei deixar partir pelo caminho que nos afasta e separa e te leva por uma outra estrada onde um dia, num cruzamento, nos voltaremos a encontrar…
Senti novamente os raios de sol queimarem-me a pele num beijo, o rio erguer-se para mim.
Fecho os olhos e sorvo o néctar que havia estupidamente condenado ao esquecimento.
Descalcei-me e senti novamente o bater da terra, palpitação…O vento apagará o meu rasto com uma lágrima… apenas uma.
Começou um novo dia… inicia-se a hora da loucura e dos excessos, do prazer sem limites… e da dor incontornável de mais um dia que recomeça sempre sempre igual a todos os outros.
Nessa hora permito-me entrar em mim, deambular, perder-me.
Começa a traçar-se a grande representação da noite… e a celebração do dia.
É terrível e tristemente avassaladora a última noite de amor… o último beijo abençoado.
O único mar de prazer e contemplação é aquele que suavemente delineamos em pensamentos.

Cansei-me de esperar. Os olhos doem-me de tanto procurar uns outros. Agora sei que apenas no meu reflexo depositado num espelho de histórias poderei encontrar-me, apenas em mim e para mim poderei encontrar o deserto que me sossega e a águia que anseia levar-me.
Vou… ao sabor do vento na louca procura das pétalas brancas dos teus lábios. Vagueio pelas linhas marcadas nas tuas mãos, monte-de-vénus onde não há tempo… apenas marcas.
Procuro um repouso, um sítio onde me refugiar desse momento que se tornou presente.
Chorei em silêncio, derramei lágrimas no teu colo… as que eram tuas, por ti. Esperava calmamente em desespero esse momento em que renasceria e deixaria para trás as memórias, abriria as portas ao futuro…diferente – em mim, em ti, em nós.
Deixei-me ficar num silêncio que só a mim doía…libertei as últimas gotas salgadas do que um dia foi a vida – a alegria, o sofrimento, a dor, o prazer, a angústia, a traição e solidão – o amor.
Libertei-me desse fardo, belo demais para mim, e depositei-o no teu dorso – o único em que poderia fazê-lo, o que me tinha permitido tudo isso por momentos.
Um raio feriu o sol, trespassou a lua e perdeu-se no percurso infinito misterioso de uma estrela.
Acabei por me desfazer sob a máscara que usei para enfrentar o mundo e a dor da solidão.
E agora, parte dessa máscara, vil e fria, tornou-se o meu rosto e nenhuns olhos – espelhos – poderão seduzir-me e conhecer-me. Parte de mim morreu e irá destilar-se no tempo do esquecimento.
Desejava entrar em ti para saber como me olhas e sentes… o que guardas ao sentires o toque da minha alma.
Que florescesses para sempre nas minhas mãos para que estivesses perto de mim e me sentisses… que voltasses a morder o meu rosto de prazer e expelisses a exaustão do desejo.

A saudade e a solidão assolaram-se e dei-me a ela como a ti. E toda a memória e lembranças estão marcadas na minha boca, rosto, corpo e alma que te entreguei.

Sou tua eternamente…

teu mundo envolvente de ti em segredos e vivências… sombras deslizantes.

Sei que desespero e te desespero…

dói imaginar-te só como a dor de imaginar não estares…
tempo que mata e corrói na batida do coração.

Terei tocado e permanecido em ti como entraste e estás em mim?!...
Partilhamos momentos… intensas vivências. Expusemos o corpo e alma ao sabor do desejo… almejávamos saciar a dor da solidão. Mas toda e qualquer embriaguês deseja prolongar-se… os dias vão passando e a Lua reflecte o teu olhar. sensualidade
Refugiámo-nos demasiado tempo em jogos de desespero e sensualidade… tentávamos enfeitiçar. percorríamos os traços de ambos os rostos e não ousávamos beijar-nos.
Nos olhos o desejo e vontade de nos entregarmos… e as palavras que refreavam os gestos.
Todos os dias me deitava a pensar como seria o sabor dos teus lábios… o calor do teu corpo.
Quanto tempo mais teríamos que nos levar por provocações?!...
Sentir-te tão perto e tão longe… guardo demasiados desejos e ardências na minha alma.
Um ... QUERO-TE
que se transforma na ridicularidade de um corpo

Um ... AMO-TE
cujo desenvolvimento se torna um até nunca na forma mais simplista!

Distante
a memória e a lembrança
solidão
sentida inúmeras vezes que até nos perdemos nos seus recantos e ousámos deixá-la para os outros com quem estivemos

dei-te
no meu olhar e ausência
o espaço na minha alma dormente de dor e angústia

As palavras ou a sua inexistência ferem como lâminas
gumes com que nos cortamos e despojamos perante um outro.
A noite é só mais um retrato da tua ausência.

Desejei o corpo e perdi a alma.
Uma vez mais deixamo-nos levar pela linguagem… rudes palavras… para não mais vivermos o silêncio do sentir.
Agora já nem as palavras persistem e o silêncio… que outrora amávamos enquanto nos amamos… perdeu-se no tempo.





o meu corpo arde em feridas que não sei descrever... um aroma, uma cor...
uma rosa branca






Foto web

Um presente

Aspera-se sempre mais quando se ama
mesmo sendo a dor cegamente dura de ausência...
desse toque sentido sem corpo
dessa inconstância intensa de querer.




se soubesses que assim ardes em mim...




Fotografia de Cristiana Gaspar
Um suspiro que lançamos ao vento

- imaginario solene que nos penetra
qual penumbra que sobre nos
se sobressalta




Vamos?!... Ficamos?!...
interessara no fundo qualquer ou alguma das questões?!? Desde que estejamos...
Liberto-me do que possamos ter questionado/duvidado... com um sorriso prendo-me onde e como estamos... um ficar nosso, de e para... e as perguntas, serão outras, noutros horizontes.



Perco-me... queres que me perca?!... sabes que a perder-me é em ti..para ti..
Se me sofrer queres que te sofra?! As duas lagrimas são tuas
aroma e sorriso
E que se perpetuem...
Amemo(s)...(nos) ... ao som do jazz...da musica que delineamos e nomeamos nossa!!
Vem!!! Sem questões!


aqui... batalhas travadas...amor
e como ainda doem as pedras
pulsam as lagrimas e aromas
Adoro-te em cada olhar
onde me perco
no complexo que abraças


Fotografia de Cristiana Gaspar
Antes de partires, ou melhor, voltares disseste-me
"credo di amarti"
De modo subtil e sem palavras ou discursos pedi-te que ficasses...
mas a tua vida à qual não pertencia aguardava-te.
Guardo em mim o teu sorriso tão puro, sereno, tímido...essa lágrima que nos olhos se formava num
"não posso..."
dá-lhe toda a tua alma, o que de melhor tens em ti – o teu amor.
Incondicional pureza de sentir contempla o espírito ao olhar
olhá-la e desejá-la
seduzi-la… suave mão que percorre o corpo sem nunca lhe tocar.
“Dás sentido à minha vida e existência. Acredito em ti e tudo te deposito. Um dia abrirás os olhos e vais-me amar.”
Tinha tudo o que os outros desejam e no entanto eras tu e só tu o motivo de acordar todos os dias… quem me fazia viver. Tudo o resto não passavam de fachadas e tu precisavas de mim… de alguém que te amasse e despoletasse em ti a vontade de novamente olhar e viver.
Parecia um crime não ver todos os movimentos, expressões do teu rosto. Sabia que me ouvias e sentias… o teu respirar acalentava-me a alma de certeza. O amor tudo desperta – abririas novamente os olhos permitindo-me a bênção de te voltar a ver dançar.
Não me cansava de olhar para ti e contar-te o que não podias ver. Fazer com que o mundo te tocasse enquanto descansavas.
Tinha presentes todos os teus simulados sinais… uma luz.
Atravessamos a estrada do excesso e o mundo… aquele de que te falava e do qual te escondeste… separou-nos.
Acordaste e não mais me permitiram olhar-te…
procuraste-me mas já não estava. Morri quando te despediste e nos olhos – espelho - vi que era para sempre.




foto web

Quero embeber-me de ti em ti
explorar-te… desenhar-te nas minhas mãos
saborear cada recanto que descobrir….
perder-me nos teus lábios marcadamente teus
que me conduzas em suspiros…
fôlego ardente sussurrado.
os corpos entrelaçados…
ardes em mim… sinto-te a percorreres-me
procura-me!
desejo ardente de te ter…
quero seduzir-te
(que caminhemos na humidade de um toque)

Sedáticas harmonias

o olhar é calmo… imponente…
exprime mais que as mais numerosas palavras.

O sonho confunde-se com a realidade… um beijo.
Ouço tambores e pianos
e caminho na sua direcção…

é a tua alma que dança com a minha
no cimo das árvores
como a criança que um dia construiu uma cabana nas folhas…
todos os dias o despertar no topo…
profundeza e altura distantes reflectindo o nosso rosto… a fusão.

Caminho por entre a Natureza
e, se nas gotas de chuva sentires a minha alma tocar-te
como pela mão do Sol
então possuis-me
e eternamente
a teu lado adormecerei e acordarei para o novo dia que contemplaremos.

Aperta-me no teu peito nu!
caminhos do mundo
como num sonho
navego no teu sorriso

A Natureza curva-se perante tal beleza

Amo-te…

de que serve a confissão quando a verdade é tão evidente?!...
música nos suspiros que partilhámos e nos permitimos
ondas de sons divinos…
alma ardente
que num feixe de luz
se consome num acto de amor
os corpos nus entrelaçados
(- bela imagem! )

pelas gotas… manifestações… tornámo-nos um
pelos teus cálidos suspiros perco-me na peregrinação de ti

Acredito que reinventei uma nova forma de vida na minha alma…
o mais belo poema… TU!

desenham-se madrugadas
enquanto o teu corpo se esconde

que farás se me habituar ao aconchego dos teus recantos?!...
se o meu corpo
- quando nos unimos –
não mais de perto de ti desejar sair?!...


o meu mais especial está em ti…
Olhamos numa mesma direcção
e depositamos nesse momento
a nossa última réstia de esperança.



Fotografia de Cristiana Gaspar

Soror Mariana Alcoforado

TERCEIRA CARTA (tradução portuguesa)

Que será de mim?....e que queres tu que eu faça?...

Vejo-me bem longe de tudo o que tinha imaginado!

Esperava que me escrevesses de todos os lugares por onde passasses; que as tuas cartas seriam mui extensas; que alimentarias a minha Paixão com as esperanças de ainda ver-te; que uma inteira confiança na tua fidelidade me daria alguma espécie de repouso; e que ficaria assim em um estado suportável, sem estrema dor.

Tinha até formado alguns leves projectos de fazer esforços que me fossem possíveis para curar-me, no caso de saber com certeza que me tinhas esquecido completamente.

A tua ausência, alguns toques de devoção, o receio natural de arruinar totalmente a pouca saúde que me resta por cansadas vigílias e tantas inquietações, a escassa aparência dá tua volta, a frieza da tua afeição e doa teus últimos adeuses, a tua partida fundada em frívolos pretextos, mil outras razões mais que boas e demasiado inúteis, pareciam prometer-me um auxílio assaz certo, se me viesse a ser necessário.

Não tendo enfim a combater senão comigo, mal podia desconfiar de todas as minhas fraquezas, nem aprender tudo o que hoje sofro...

Oh! triste de mim! Quanta compaixão mereço, visto não sermos ambos participantes das penas, mas eu só a desgraçada!...

Este pensamento mata-me, e morro de susto de que jamais tenhas sido extremamente sensível a todos os nossos prazeres.

Agora sim, conheço a má fé de todos os teus afectos...

Enganavas-me todas as vezes que me dizias ter sumo gosto de estar só comigo...

Às minhas importunações devo somente os teus desvelos e transportes...

De sangue frio formaste a tenção de me abraçar, e consideraste a minha paixão como um trofeu, sem que o teu coração jamais fosse comovido entranhavelmente...

Não deves tu ser bem infeliz, e ter bem pouca delicadeza, para nunca haver sabido colher outro fruto dos meus enlevamentos?...

E como é possível que com tanto Amor eu não tenha podido fazer-te completamente venturoso?

Lamento, por Amor de ti somente, as deleitações infinitas que perdeste...

Por que fatalidade não quiseste desfrutá-las?...

Ah! se as conhecesses, acharias sem dúvida que são mais sensíveis do que a satisfação de me ter seduzido, e terias experimentado que somos mais felizes, e sentimos qualquer coisa de mais fino mimo em amar ardentemente, do que em ser amados.

Não sei nem o que sou, nem o que faço, nem o que desejo...

Mil tormentos contrários me despedaçam!...

Quem poderá imaginar um estado mais deplorável?...

Amo-te como uma perdida, e modero-me ainda assim contigo, até não ousar talvez desejar-te as mesmas tribulações, os mesmos transportes que me agitam...

Matar-me-ia, ou a não fazê-lo, morreria de dor, se estivesse certa que nunca tinhas repouso, que a tua vida era uma contínua desordem e perturbação, que não cessavas de derramar lágrimas, e que tudo aborrecias...

Eu não me sinto com forças para os meus males, como poderia suportar a dor que me causariam os teus, mil vezes mais penetrantes?...

Contudo não posso do mesmo modo resolver-me a desejar que não me tragas no pensamento, e para falar-te sinceramente, sinto com furor ciúmes de tudo quanto possa causar-te alegria; comover ä teu coração, e dar-te gosto em França.

Ignoro por que motivo te escrevo...

Vejo que apenas terás dó de mim, e eu rejeito a tua compaixão, e nada quero dela;

Enfado-me contra mim mesma, quando faço reflexão sobre tudo o que te sacrifiquei...

Perdi a minha reputação; expus-me aos furores de meus pais e parentes, às severas leis deste Reino contra as religiosas... e à tua ingratidão, que me parece a maior de todas as desgraças...

Ainda assim eu sinto que os meus remorsos não são verdadeiros, e que do íntimo do meu coração quisera ter corrido muito maiores perigos por Amor de ti, e provo um funesto prazer de ter arriscado por ti vida e honra.

Tudo o que me é mais precioso não devia eu entregá-lo à tua disposição?...

E não devo eu ter muita satisfação de o ter empregado como fiz?...

Parece-me até não estar contente, nem dás minhas mágoas, nem do excesso de meu Amor, ainda que, ai de mim! não possa, mal pecado, lisonjear-me de estar contente de ti...

Vivo, e como desleal, faço tanto por conservar a vida, quanto perdê-la!...

Morro de vergonha... acaso a minha desesperação existe somente nas minhas ?...

Se eu te amasse com aquele extremo que milhares de vezes te disse, não teria eu já de longo tempo cessado de viver?...

Enganei-te... tens toda a razão de queixar-te de mim... Ah ! por que não te queixas?...

Vi-te partir; nenhumas esperanças posso ter de mais ver-te. e ainda respiro!... É uma traição...

Peço-te dela perdão.

Mas não mo concedas...

Trata-me rigorosamente.

Não julgues os meus sentimentos veementes...

Sê mais difícil de contentar...

Ordena-me nas tuas cartas que morra de Amor por ti...

Oh! conjuro-te de me dares esse auxílio para poder vencer a fraqueza do meu sexo, e pôr termo às minhas irresoluções, por um golpe de verdadeira desesperação.

Um fim trágico obrigar-te-ia, sem dúvida, a pensar muitas vezes em mim...

A minha memória te seria cara, e quiçá esta morte extraordinária te causaria uma sensível comoção.

E a morte não é porventura preferível ao estado a que me abaixaste?...

Adeus!

Muito quisera nunca haver posto os olhos em ti.

Ah! sinto vivamente a falsidade deste senti- mento, e conheço neste mesmo instante em que te escrevo, quanto prefiro e prezo mais ser infeliz amando-te, do que não te haver jamais visto.

Cedo sem murmurar à minha malfadada sorte, já que tu não quiseste torná-la melhor. Adeus.

Promete-me de conservar uma terna e maviosa saudade de mim, se eu falecer de dor; e assim possa ao menos a violência da minha paixão, inspirar-te desgosto e afastar-te de tudo!

Esta consolação me será suficiente, e, se é força que te abandone para sempre, desejara muito não deixar-te a outra.

Dize, não seria nímia crueldade a tua, se te servisses da minha desesperação para, pareceres mais amável, mostrando que acendeste a maior paixão que houve no mundo?

Adeus outra vez...

Escrevo-te cartas excessivamente longas, o que é uma falta de consideração para ti: peço-te mil perdões, e atrevo-me a esperar que terás alguma indulgência para com uma pobre insensata, que o não era, como tu bem sabes, antes de amar-te.

Adeus.

Parece-me que demasiadas vezes me dilato em falar do estado insuportável em que estou.

Contudo agradeço-te, do íntimo do meu coração, a desesperação que me causas, e aborreço o sossego em que vivi antes de conhecer-te...

Adeus.

A minha paixão cresce a cada momento.

Ah! quantas cousas tinha ainda para dizer-te!...



in Lettres Portugaises
Tradução de Sousa Botelho, Morgado de Mateus
Sente-se um olhar nas ruelas duma cidade abandonada.
Fantasmas vagueiam de janela em janela
dançam nos telhados

- escombros de memórias.

Reconhecerás a mulher mãe viúva quando ela, parada e silenciosa numa mesa de café, puxa de um cigarro e acende-o?

poses, comportamentos – ditames de personalidade

reconhecem-se os mais nobres seres nos mais simples gestos

um olhar, um sorriso… pequenas lembranças de sacrifícios pela vida!

Aterra-se numa terra distante
Desprendemos a corrente de flores que nos unia pois já não a sinto dançar em meu redor… foi levada até ao expoente da distância e quebrou-se algures que não vivi ainda.

Mostrei o melhor de mim e não quiseste.
Despejei das gavetas o que tinha, escondido para não mais tocar, nas tuas mãos para que me encontrasses… me encontrar em ti, em mim.
Mudei para me poder olhar ao espelho… sei que o fui fazendo sem me aperceber mas ainda não suporto a imagem reflectida.
Abracei angústias por medo de viver, assim onde a razão me sufoca e o sentimento possui.
Que verdades e desafios encontram para que não se entreguem a este tão só?!?...
Deixei tudo o que vi e aprendi para trás onde um dia me deixei levar pela dor… a da saudade…de mim!
Queria o mundo… essa estrela que ilumina o sonho. Manhãs que nos abraçam, ocaso de ilusões. Será o dia a sobreviver à noite ou a noite ao brilho do dia?
Porque me chamas e atrais? Serei a Lua e tu o Sol? Talvez sejas a Terra e eu gravite em teu redor iluminando-te quando me chamas!…
... o quanto te desejei… Estradas que tornei curvas para te acompanhar. Flutuei no rio do sentir… adormeci no equilíbrio de uma cascata esquecida do mundo! Chorei as lágrimas que fizeram o mar… o vento fez-me ave.

Uma tatuagem de sentido… aquele que nomeias no espelho.

Abrimos as janelas da alma com a esperança de que o espírito se liberte.
Quebramos vidros
espelhos de um passado
com o sorriso da liberdade

Escondemos laços de lágrimas que derramamos na triste esperança de que sequem.
É tão estranho aquilo que recordámos


passos e gestos
o riso e prantos
por vezes expressões
momentos cúmplices
mundos que guardámos em nós
semelhantes diamantes que encontramos




A vida…
um tempo sem horas onde o espaço é nosso… aquele em que nos descobrimos, recriámos e nomeámos o mundo.
Que memórias restarão no fim desse tempo?!...
…os momentos em que verdadeiramente sorrimos… em que não existiam correntes e tudo éramos.
O sermos NÓS (o EU) e crescermos com a nossa história e aqueles que dela fazem parte.










vens?!...


pelas madrugadas sentidas. falas desenvolvidas no leito imagem 'transportada'. o sentir (-te)...


[pronuncia... te... esse não numa palavra e.. sermos nos e sempre, como antes (depois). em ignorâncias hipocritas e falsidades (se[/talvez/certamente] passados)... JAMAIS futuros mas ainda assim recordaveis...



abraça-me com o mero..Olhares-me



Ani revota...


contemplando
na berma de vida
um ser surgiu

Porque deixou ele
a sua imagem?

crepúsculo
Mistérios da vida
belo prazer
entorpecido pelas flores
no crepúsculo do adormecer.
demos as mãos e todos os olhos do mundo sobre nós. começamos por não falar e sorrimos apenas numa procura.. caminhámos e caminhámos encostas trilhos naturalmente desenhados para nós.
Era já Verão… os corpos cálidos de ardências. o sol em chama.. e para mim ainda era Primavera. ainda me sentia desflorar para o mundo, essa primeira vez como o choro. e chorei. no instante em que avistámos o que todos procuram incessantes cavaleiros. e só estávamos nós, na imobilidade do espasmo quase orgástico. e permanece ainda em mim uma marca desse momento…

de entre tímidas inocentes perguntas dum conhecer, um ritual que ousamos, apagamos o silêncio dos outros olhares do mundo e ficamos apenas eu e tu
(...)



(...)
(...)
mas esse espaço continua assim… despojos infiltrados na madeira que um dia luziu, nas estantes onde um dia um sorriso despontava pela grandeza que exalavam os livros pensamentos desse tempo… o tempo em que a altivez sobressaía dos poros… um inclinar ténue da cabeça ao sol, permitir o vento delinear em imensas linhas o contorno de um leve e sedutor sorriso, raiar impenetrável … sedução.

os olhos levemente cerrados dizendo « vem! ousa!».

todas as conversas em silêncios faladas, nesse estar ouvindo, os silêncios que a tantos assustam e eram assim… puros, verdadeiros, compreendidos. as palavras que tantas e repetidamente apenas foram afastando esse olhar soberanamente mel duns lábios que semblavam mover-se permanecendo assim… ávidos de sentir.

por uma vez a mala desfeita. roupas que permaneciam sempre no albergue do ir ousavam seguir o estádio do ‘aqui’ e assim confortavelmente penetravam os espaços julgados já libertos. numa ausência de espectros permaneciam…inteiramente ali.

(...)



(um outro pequeno breve excerto...)
(...)
cigarros e beatas espalhadas, a visível decadência de um quarto que não conhecia a palavra limpeza há muito muito tempo… incontáveis horas, dias, anos… como a alma quando vagueia e se perde pois o caminho julgado contínuo se transformou em vida.

folhas vagamente escritas espalhadas pelo chão numa confusa noção de arrumação. Haverá melhor espelho da alma que o nosso refúgio? esse espaço que julgámos nosso, apenas e só nosso… e de alguém, alguém que nos surge (semblantes) com a chave de espaços que nem mesmo nós próprios sabíamos da sua existência? compartimentos toda a vida trancados por medos, traumas, receios, desejos, expectativas…?!? esse alguém a quem unicamente abrimos e destruímos os entraves, os muros, as protecções exaustivas, o ‘mau feitio’ deixado de parte… o sermos finalmente nós numa descoberta simultânea de ambos (e eu também de mim… )…?!?...

(...)

(breve excerto... )

negra tristeza

entre infernos constantes gritos revoltas feitos

ja de tão longe os erros

se as lagrimas... de sangue dor angustia... impotência
pudessem...














despertei com a flor
que ternamente depositaste no meu dorso
enquanto me olhavas dormir

e, se nas gotas de chuva sentires a minha alma tocar-te
como pela mão do Sol
então possuis-me

e eternamente
a teu lado adormecerei e acordarei para o novo dia que contemplaremos.
e no rosto

escorrentes lagrimas de sangue
em que estrada, mar, montanha estas tu
que te sinto e penso como se estivesses aqui??!!...

nesta serenidade cantada pelo dedilhar duma guitarra
deambulando pelo tango que exalamos...

envolvemo-nos

Time After Time*

Melodia Orgástica

Iniciam-se suaves tons, tímidos de um saxofone. Esse beijo trocado entre receios, desejos, intimidades.
Um toque desenvolvido – ousam as mãos na descoberta.
Nesses 5min (e 40s) os instrumentos envolvem-se, dançam como os amantes. Uma sedução profunda, esse primeiro orgasmo, o rompimento, clamor altivo desse sopro…
Calma…3 minutos de profundo entendimento, essa conversa de instrumentos (corda, sopro..) – como encaixam bem os corpos desnudados, húmidos de prazer.
De entre as provocações, prolongamentos, é chegado o momento… explosão tão serena e calidamente abraçada. Gemidos uníssonos… orgasmo(s) de amor.
Os amantes em terna copulação pelas vastas ruas do desejo.



*Miles Davis ‘Live around the world’
(publicado inicialmente em Bebedeiras de Jazz)

Fotografia de Cristiana Gaspar

sob as estrelares luas que nos aquecem e recordam o sol que nos arrefeceu...

O que faltara para o ... conheço?!













Fotografia de Cristiana Gaspar


Náiade que dormes
no teu delicado leito

Embriagas a noite
com a tua beleza

Seres expelem-se na tua margem.




Criar um hospício
num espaço limitado
pelas coisas




José Clemente Orozco, frescos en el Hospicio Cabañas, Guadalajara, 1938-1940











Fingi...
como as imagens

como tu


(claro que a falta a pricipal imagem... virgindade(s) )
A vida como flocos de neve desenvoltos em espirais vertiginosas de angustias... sentir o chão num abraço. vem. gela-me o corpo em ardências de vida psicoticas formas néons corpos nus desejos

reinventa-me







percorri-te ao longo de
uma folha onde
delineava as linhas
do teu corpo
em soluçados traços
caligraficos


Abrasivas memorias
nos asfaltos da vida

e essas gotas de sal
humidamente
(es)correntes de mim






Graciela Pierangeli, Lagrima Azul
Rastejar até aos pés
da mais bela flor.

Beijar a terra
como que um perdão
se pedisse.

Toca-me.
Deixa-te flutuar no universo.

Ser criança
Sonho de voltar
A fuga sem destino
Estação
Clamoroso.
A mulher no trapézio

constante desafio
da morte

excitante atenuante
dos olhares

desejar a perpétua
ansiedade de uma queda

impenetrável ser
de divindades ocultas
e belas

num piscar de olhos
o escorregar ...

movimento lento

tríade de ambições

Quando não da... não da





independentemente do que queiram... façam... digam!

é assim...


tal como tudo pode ir além... inumeras vezes!
Esperava-te calmamente num cais à beira-rio...
a brisa primaveril soprava deambulando os cabelos - soltos, livres, longos - ondulantes castanhos

Folheava um livro envolvendo-me.
Por instantes tornei-me parte dele.

Tu, com o teu olhar em ausência, desfloraste-me a escuridão
- outrora luz-

e assim nos perdemos
Alba abraçada. memorias revisitadas. um tudo que agora é nada... e a imagem marcada na parede é turva, inquieta.
sofri-te
imaculei o olhar e pensar quando te levantaste e não te segui

de entre as folhas caidas revejo-me e revejo-nos
somos apenas folhas que se vão desprendendo ao sabor do vento
essa brisa que fala

ja derramei as lagrimas que tinha e nenhuma te tocou
espaços de todo um nada. sento-me numa espera dolorosamente solitária. nesse instante ainda te penso e questiono porque não estás. mas não seria diferente, pois não? tornar-nos-iamos dois seres frente-a-frente, silenciosamente sós ou forçadamente ausentes em casualidades







Já não consigo parar as gotas de água de uma fonte...
o que era só meu
pois no meu olhar estás







Fotografia de Cristiana Gaspar
Não estavas quando te chamei...
estranhamente não eras tu ao meu lado
quando sorri e chorei. Não quiseste a
minha partilha de mim.

VERDADE ... muda cega surda

'Esse beijo não significou nada!'

Fotografia de Cristiana Gaspar


Enquanto caminho
medito sobre o passado
num desvio futuro

Um momento de magia
perde-se num fechar
de olhos

Estrada de Fogo
uma outra visão da música
Feliz 28




Num dia de chuva
EU nasci
como a púrpura pétala
de rosa que
desflora para
a vida ...

Obrigada!...
"A solidão é um aspecto da terra. Todas as coisas na planície são solitárias, não há confusão de objectos para o olho, apenas existem uma colina ou uma árvore ou um homem. Olhar esta paisagem de manhã cedo, tendo o sol pelas costas, é perder o sentido das proporções. A nossa imaginação começa a viver, e pensamos que é aqui que a Criação começou ou está a começar." (O Sopro das Vozes, Textos de Índios Americanos)




Foto web





Foto web

Viola

Chichimeca, Viola

C.Crabuzza, L.Marielli


Questa attesa mi sfascia
e cosa aspetto non so
forse un posto dove nessuno
mi conosce da più di un'ora
Dove il mio viso
è una grande sorpresa
ed è sorpresa ogni cosa
e fermarmi a parlare di me
con uno che non mi capisce nemmeno
e sentirlo parlare di cose
che non ho visto mai
E crescono crescono
i miei fiori nella serra
e non mi voglio perdere niente
Non so ancora che cosa mi manca
un uomo nuovo che mi tratti bene
che rubi i fiori
da terra per me una storia
che mi riempia la carne
sensazioni violente viola
poche parole grandissime mani
fartei-me dos dias, esses em que esperava, a ti que agarras as palavras repetidamente até que alguém saia pois a coragem é-te estranha. as repetidas vozes e sons. contradições. desculpas (in)desculpáveis. murmúrios gastos de um tudo arrastado. vem. vai. enterra esse punhal num crescer. nem os mortos esqueço pois ficam em silêncio falando para mim. rumores embevecidos.
deixamos o amor numa racionalidade do medo


Foto web

Numa história da manhã
um pássaro subiu à minha janela
e cantou para mim

« Chegou a hora de confiar »

Um sorriso num gesto

Beleza da inocência que se espelha
no aconchego da noite

Novo dia e o desalento
pelo engano dum gesto
Máscaras deambulam
no horizonte

penetram na bruma
das trevas

Ó belo poema
que abraço
entre mãos.




Fotografia de Cristiana Gaspar
Derramei lágrimas de sol no teu dorso
esse refúgio ternamente desenhado em ti.
Tatuaste a minha alma de pétalas
quais semblantes de vida…


Instantes que se cruzam
breves notas de sons… desejos
suores trocados em beijos
Tão bela madrugada que abraçamos…
momentos que tornamos nossos
num olhar…
um abraço orgástico!... intensidade em cheiros.

Que estrela nos olhou ontem?
nevoeiro levantado qual manto de secretismo
movimento iluminado de beleza
que demos ao mundo.

Amor meu que me abraçaste!
caminhos que desenhaste!
completaste-me… toque suave dos lábios

pétalas

Exaspero..te..me

Exaspero…te…me

quantas memórias que se perdem
e nos desviam

quererá o império de esperanças,
tristes sonhos,
devastar-me com o seu conhecimento?!...

noite em que as surpresas se desenvolvem

desconheço a corrente que nos abraça
The Scream

Edvard Munch

Lena Gal, Um olhar poético
Quantas histórias se guardam
nas margens dum rio


Vigio as mais ternas lembranças da liberdade nos meus gestos e palavras
para que a flor que floresce nas minhas mãos não esmoreça


Fotografia de Cristiana Gaspar
Podia jurar que eras tu, do outro lado da rua. Nesse teu andar e sorrir, na tua ausência aparente de silêncio falado. Não ousei sequer olhar duas vezes para que a certeza não se tornasse absoluta ou a ilusão infundada. Quase todos os dias, como sempre o fiz desde que te vi pela primeira vez, te falo… sei que não me ouves… nunca ouviste e porque haverias agora?!...
Tudo se transforma… mas as verdades que te disse não. As tuas… não sei!, só tu (como sempre) as saberás.

Como te disse um dia: ninguém! E essa lágrima... não consigo saber o que contém.
virgindade de sonhos
nas lágrimas do Sol


Fotografia de Cristiana Gaspar
tão estranhamente não vieste...
nessa nossa ausência aguardei a voz, o olhar, a ternura e...

o vazio (ou seria apenas o meu?!) estava, estará, será

e digo... triste e penosamente...

adeus
Une petite histoire

Fotografia de Cristiana Gaspar
Gostava de poder destruir o telefone, a morada, o nome... mas nada disso faz sentido, pois não? Não te ira fazer desaparecer de dentro de mim. Não te irei esquecer ou jamais lembrar o teu nome e rosto...

Como custa pensar que erramos... quando no fundo é apenas uma não sincronização de personalidades.

Uma vez mais sinto-me nada... fazes-me sentir nada e no entanto... penso-te (mais do que isso!).

Desisto desse viver que me mostraste! O tanto que aprendi a teu lado!... e como o tanto é nada, e o silêncio mata.

Ai morri... nesse meu falar sem palavras.

'Nada sera como antes'... nem eu nem tu se um dia nos cruzarmos...

e este corte esta marcado..não de hoje mas desde o momento em que o reflexo no espelho não era o meu

Fotografia de Cristiana Gaspar


Como suspiros de sedução
numa roda viva de fogo segue
velho o sonho de um poeta



Sei que na manhã
me enfeitiçaste

mas na noite

refugio-me

e adormeço sob o leito
pura
verdadeira
EU…